24.7.09

O Bípede como personagem conceitual ou figura estética

3.6 O Bípede como personagem conceitual ou figura estética?
Podemos nos questionar que ao ser o Bípede um personagem de um trabalho de arte, isto é, de ficção, porque tratá-lo como personagem conceitual e não como uma figura estética, um narrador ficcional que simplesmente dá voz as minhas inquietações?
Esta foi uma das minhas angústias ao buscar conceitualizar o Bípede, mas penso que no mesmo texto abaixo citado, Deleuze e Guattari nos apontam o sentido do passeio por ambos terrenos:
A diferença entre personagens conceituais e as figuras estéticas consiste de início no seguinte: uns são potenciais de conceitos, os outros, potências de afectos e de perceptos. Uns operam sobre um plano de imanência que é uma imagem de Pensamento-Ser (número), os outros, sobre um plano de composição como imagem do universo (fenômeno). (...) É que o conceito como tal pode ser conceito de afecto, tanto quanto o afecto de conceito. O plano de composição da arte e o plano de imanência da filosofia podem deslizar um no outro, a ponto de que certas extensões de um sejam ocupados por entidades do outro.
Por mais que possa parecer de alguma forma petulante eu tratar meu personagem como um personagem filosófico ou existencial, que busca formular conceitos e dar respostas ao mundo, busco aqui afirmar esse caráter dele justamente por entender que por mais que os cadernos apresentem uma forma muito despretensiosa, a forma abordada nestes tem a ver justamente com minhas inquietações e buscas por compreender melhor o que acontece em nosso entorno. Principalmente o conteúdo filosófico e existencialista são de uma ausência de inteligência (como disse Zilio) enormemente intencional. São questionamentos carregados por burros no sentido zoológico da palavra. Afirmações e questionamentos travestidos de imbecilidades, piadas grotescas, ironias ruins e idiotices requentadas. Esta característica é superestrutural no trabalho, até porque um dos possíveis nomes para esse personagem é: “Capitão Failure”, que não é nada mais que o que este personagem é: um narrador de fracassos .